O calor era de matar qualquer um, Júlio não era exceção nem a piscina no fundo de casa o satisfazia, pois o calor era insuportável. Os vizinhos o faziam companhia enquanto ele banhava-se inutilmente na piscina já quente.
- Vamos colocar gelo na água para ver se melhora isso. Não aguento mais ! – Dizia Júlio nervoso com o calor.
- Calma vizinho,vou ali em casa pegar um pouco de gelo mas não vai ser o bastante, tente pegar um pouco na sua casa também folgado. – Laércio dizia em tom irônico.
- Cala a boca e busca logo o gelo. – Júlio entrava na brincadeira.
Laércio foi até sua casa, pegou a carteira e foi até o posto de gasolina que ficava na esquina para comprar gelo seco, compro-o e voltou para a piscina. Enquanto Júlio estava dentro da casa ele colocava o gelo na piscina e molhava os pés na água para experimentar.
Júlio voltou com um pouco de gelo que ele tirou do freezer da sua casa, jogou na piscina e mergulhou, agora a água estava perfeita. Ambos nadaram ali por horas até que o sol se foi e o crepúsculo assumia a claridade do dia.
Júlio ceou sozinho a mulher havia ido visitar a mãe que estava muito doente e como ele não suportava a sogra ficou em casa, se fosse também ele ajudaria a piorar o quadro da pobre senhora.
Andava pela casa de um lado para o outro sem entender o porquê de estar fazendo isso, ia até a janela olhava e voltava, olhava a televisão e ia até o olho mágico da porta. Repetiu incessantes vezes o mesmo percurso até que teve sono, o tédio tomou conta do seu corpo e o sono também.
A alvorada veio logo, mas algo estava diferente, Júlio se sentia triste e deprimido como se algo o estivesse incomodando, levantou-se rapidamente e fez a higiene matinal, desceu e fez o mesmo percurso algumas vezes antes de chegar a cozinha e comer algo.
Ele notou alguém na piscina pelos vidros da porta da cozinha e levantou-se para ver com a faca de pão e o pão na mão seguiu até a porta, juntou os dois em uma única mão e abriu a porta para ver quem era. Notou ser o amigo Laércio como se fosse um jato de sangue foi bombeado para seu cérebro e ele se sentiu desconfortável vendo o amigo em sua propriedade.
A adrenalina foi enorme e ele partiu com a faca na mão para cima do amigo em silêncio. O pão ficou jogado no chão com a manteiga para cima. A faca ainda tinha manteiga, Júlio segurou o amigo por trás com a faca no pescoço do mesmo.
- Vai sofrer Laércio, mas será o melhor para mim. Somos amigos então você entenderia. – A voz de Júlio saiu meio alegre e cheia de vontade.
- O que está pensando Júlio? Me solta cara se não eu vou ter que apelar com você. – Laércio dizia em tom de medo.
- Não tem por que ter medo, eu senti esse medo ontem enquanto andava de um lado para o outro pensando na vida e acabei de concluir que não merecemos viver mais. Nós traímos nossas mulheres com prostitutas. – Ele estava frio agora a voz dele saia como trovões nos ouvidos de Laércio.
- Cala a boca cara, ninguém pode saber disso, imagina se minha patroa ouvi isso. – Laércio tentava se acalmar.
- Não Laércio o que fizemos foi errado cara, temos que pagar pelos nossos erros, eu já deixei uma carta a nossas patroas agora preciso matar você, porque tu sempre foi um bunda mole e não teria coragem. – Lágrimas saiam dos olhos de Júlio ao dizer as palavras e Laércio se sentia intimidado.
- Cara larga a mão dessas doidices. Vamos voltar para a casa e tomar um café forte,acho que você bebeu demais ontem. – Laércio começava a suar frio percebendo que não era mentira do amigo.
- Não posso!Eu não bebi, minha consciência pesou ontem cara e não mudo minha opinião.
Era o fim, Júlio começou a cortar a garganta do amigo que tentava gritar, mas a boca estava sendo segurada por Júlio, a faca não cortava então ele teve que forçar mais a faca o que machucava mais o amigo que chorava de dor.
Um corte foi feito e a faca já estava toda ensanguentada, o corte chegou a atingir o osso do gogó de Laércio, o mesmo tenta gritar, mas Júlio era mais forte e o quanto mais tentava Laércio mais sangue jorrava na piscina, por fim o amigo já estava esgotado perto da piscina.
“Irei jogá-lo aí dentro e pegarei outra faca para que eu me mate aqui também, pecamos juntos morreremos juntos!”
Ele correu até a cozinha e pegou a faca de descamar peixes a “peixeira” e cortou a garganta e os pulsos e jogou-se na piscina, bateu com a cabeça na borda quando se jogou de costas e caiu desacordado na água gelada.
O Sol saiu de cena e deixou ambos ali, boiando na água.
Já eram quase quatro da manhã quando Júlio pulou da cama, olhou para o lado da cabeceira e notou uma carta escrita por ele na noite passada. “ Adeus patroa.”
Logo viu que se tratava da mesma carta do sonho e levantou-se foi até a cozinha tomou água e dirigiu-se até o banheiro, ficou algum tempo se olhando no espelho, lavou o rosto e disse:
- Preciso matar Laércio amanhã, pecamos juntos e morreremos juntos!
by LorD